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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDSON BUENO DE CAMARGO
  ( BRASIL – SÃO PAULO )

 

 Poeta, artista plástico e fotógrafo.

 Nasceu em Santo André, SP, em 1962,  e faleceu em sua residência,
em Mauá, aos 28 de outubro de 2014, com 52 anos de idade.

        

LABORATÓRIO DE POÉTICAS.  No. 9 -Maio de 2011.  Diadema,
São Paulo: 2011       No. 1984 Ex. bibl. Antonio Miranda



xamãs

o poeta é sacerdote
da própria religião
xamãs inebriados
pensam enganar
na tentativa de ludibriar a morte

clérigo imoral
sua ética
incorpora as realidades de todos os mundos
e outros ainda

como Hermes ou Exu
pendente entre as cosmogonias
carrega mensagens dos deuses
(para cima e para baixo)

um bom poeta só o será
ao encarar a sua extinção pessoal

Rimbaud foi
bruxo a seu tempo
usou a extinção de sua quintessência
e fez poesia além da palavra



todas as coisas


I

 qual a distância
do latido de um cão?

II
esta lua trouxe para minha casa
uns panos muito brancos
que alvejados de anil
doem os olhos do menino
(mais tarde se descobrirá poeta)

III
incomoda-me a lua cheia
e sua menina andando
de braços apertados
em uma braça de flores
que não estão ali

ou de braços abertos
tentando enlaçar o vento
com seus dengos

com olhos de regato seco
e sardas na cara
que pisa insolente
nas águas do rio em que me banho

(ou não serão mais
as mesmas águas?)

IV
pois que todas as coisas
tem um nome
e este nome as pariu     



sonho com serpentes


“Sueño con serpientes, con serpientes de mar,
con cierto mar, ay, de serpiente sueño yo.”
( Silvio Rodriguez)

que se envolvem entre si
em carne viva
em exposição
em expiação sangrenta

ninho coleante
e viscoso
gangrena dos ossos
vulcão orgânico e pestilento
de ovos
de larvas
de morte lenta adiada

tenho muitos olhos
tenho muitas bocas
e muitas línguas toda bífidas
o cheiro do medo buscam

sonho que estou vivo
(quando morto)
e andando
não caminho um metro sequer
sufoco em líquido
e meus movimentos são pulmões afogados
me afundam na areia movediça
nada me conduz
sob este céu insano

falo o som das escamas
dos estalidos de pequenos ossos
e palavras
com o fogo feroz
dos olhos animais acuados
fogos fátuos
e versos metálicos da palavra réptil

“sonho com serpentes”
e estas me devoram os olhos


 nascem secos

homens nascidos
sob a lua minguante
ao beberem da água do nascimento
nascem secos como madeiro de esteio

vestidos de argamassa argilosa
são crus como adobe
secam ao sol
e se tornam duros
como terra batida do cupinzeiro
moldam-se ao vento
lutando contra sua direção
não se dobram
percorrem o seu desenho

no silêncio
falam línguas de fogo
e descansam nos olhos
anjos  de cobre luzidio e flamejantes

aos que rebentam em julho
na procura por nuvens
quando ainda há pouca água nas cacimbas
e o calor do dia
tornam-se enigmáticos no frio da noite
quando se voltam a um ponto geográfico
como uma rosa dos ventos humana
(profetas do tempo)
determinam o lado que virá a chuva

e na velhice
estes seres
criaturas envenenadas pela palavra
passam a falar
a língua das bocas fechadas
e da fuligem dos fornos

arcam-se em reverências exacerbadas à terra
não morrem sem deixar nos pergaminhos
todos os seus possíveis epitáfios


 esboço

a partir
do esboço incompleto
de uma pessoa

pode se tomar
da linha inconclusa
o traço de um pássaro
que aprendeu a bater suas asas

*

VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:

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Página publicada em outubro de 2023
       

 

 

 
 
 
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